A rolha é o leão-de-chácara do fermentado. Impede a entrada do oxigênio – ou libera de maneira tão espartana que ao invés de condená-lo, pode enriquecê-lo por um processo conhecido como micro oxigenação – e mantém o precioso líquido preservado até o momento de ser degustado. Na maioria das vezes esta decisão é ligeira: a garrafa sai da prateleira direto para a taça. Em casos raros, descansa na adega, e a bebida evolui com o tempo e se afina até ser desarrolhada.
A cortiça, em seus mais variados extratos, é a solução mais conhecida, tradicional e charmosa para selar o vinho. A cortiça é um produto natural. É extraída da casca de uma árvore, o sobreiro, que tem o nome científico de Quercus Súber. A casca do tronco só pode ser extraída a partir dos 30 anos de vida da planta e, depois disso, a cada 9 anos, sendo que essa espécie que pode atravessar várias gerações em seus 200 possíveis anos de vida. Os portugueses, com sua enorme plantação de sobreiro, concentrada na região do Alentejo, produzem 51% das cortiças no mundo, seguido de Espanha (26%), Marrocos (6%) e Argélia (5%).
As rolhas de cortiça têm as mais variadas classificações, da mais simples, de compensado de cortiça, passando por aquelas que misturam o compensado numa extremidade e um material melhor na outra, que fica em contato com vinho, até aquelas mais sofisticadas e maciças, reservadas para os grandes vinhos de guarda.
Com o tempo a indústria foi buscando alternativas à dispendiosa e finita cortiça. Até por que a cortiça é guardiã e, muitas vezes, a vilã da história. A contaminação de TCA - o fungo que ataca os tampos de cortiça -, é o ponto fraco das rolhas tradicionais. Este fungo é o responsável pelo desagradável aroma de papelão molhado, o tão falado bouchonée que os narizes mais sensíveis detectam de longe. É uma situação curiosa que transforma toda abertura de uma garrafa em uma loteria. O enólogo Michel Rolland, assim como muita gente ligada ao vinho, defende o uso de tampas alternativas: pelo menos de 5 a 6% das garrafas com rolha de cortiça apresentam problemas de TCA. Para Rolland, isso não pode ser considerado normal. “Você aceitaria comprar um celular sabendo de antemão que talvez 5% dos aparelhos não funcionam?”, argumenta ele. A lógica é indefensável.
Conheça outras alternativas à cortiça que existem no mercado:
Rolha sintética – é feita de um material meio emborrachado, meio látex que costuma ficar engastalhado no saca-rolha depois de retirado da garrafa. Mas é eficiente no seu propósito básico. Preservar o vinho intacto no interior da garrafa, e não transmitir a contaminação do TCA. Mas atenção, o material não é biodegradável como a cortiça.
Rosca (screw cap) – a tampa de rosca é comprovadamente eficiente, prática e resolve a vida de 90% dos vinhos produzidos pelo mundo. É aquela cápsula que se abre girando em rotação invertida a tampa do vinho.
Vidro - fabricada pela Alcoa, é conhecida como Vino Seal nos Estados Unidos e Vino Lock na Europa. São mais caras, e mais raras.
Maestro - rolha constituída de plástico reciclável e alumínio e com uma espécie de alavanca que permite abrir um espumante de forma segura. Foi desenvolvida pela multinacional Alcan. Algo na linha de um screw cap adaptado para os espumantes.
trechos de reportagem fonte http://veja.abril.com.br/comer-e-beber/colunista/vinho/169371_comentarios.shtml
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